A publicitária,
produtora e poeta Aline Yasmin é presidente do Instituto Quorum - uma
das entidades responsáveis pela realização do festival de intercâmbio cultural
Espírito Mundo. Aline fala para o blog da CoopCultural sobre as edições do
festival que ocorreram em maio deste ano nas cidades de São Paulo e Vitória –
ES.
Em maio de 2012
ocorreu pela primeira vez no Brasil o festival Espírito Mundo. As edições que
aconteceram nas cidades de São Paulo e Vitória – ES corresponderam às
expectativas dos realizadores?
Foi fantástica a oportunidade
de realizar essa contrapartida do que já fazemos desde 2008 e receber aqui
nossos amigos para interagir mais ainda com os brasileiros, que participaram ou
que participarão das edições. O ciclo do intercâmbio fica mais completo e gira
de forma mais agregadora ao processo como um todo - de compreensão de nossas
culturas.
A diversidade da programação é
algo que chama atenção. Além dos shows, o público tem acesso a oficinas,
mostras, seminários, residências, entre outras atividades. Quais eventos das
edições brasileiras você destacaria?
Aline Yasmin |
Para nós é fundamental que se tenha o máximo de contato entre o
público e artistas entre si. É uma proposta inovadora em se tratando de
internacionalização porque não focamos simplesmente em entretenimento, mas no
verdadeiro intercâmbio entre as áreas e também no pensamento que se constrói e
reconstrói nesse fluxo contínuo entre as mais diversas atividades. Elas não são
fechadas e sempre trabalhamos novos desdobramentos. Destaco no nosso projeto as
residências e oficinas como um diferencial e que gera um lastro efetivo entre
os participantes, com continuidade que ultrapassa o festival.
Em relação aos artistas que
participam do festival, como é feita a seleção dos músicos brasileiros e
estrangeiros? Quais são os parâmetros para participar do festival?
Trabalhamos com artistas autorais, que sejam emergentes, que representem sua arte sem apelação ou estereótipos. É um processo objetivo, mas também subjetivo. Formamos uma equipe de colaboradores no Brasil e fora dele para avaliar os inscritos que queiram participar. Não são apenas músicos, mas poetas, artistas plásticos, dançarinos, atores, performers e toda forma de manifestação que possa se integrar ao formato dos eventos e também das parcerias que firmamos. As escolhas são feitas finalmente pelos estrangeiros a partir de uma pré-seleção.
Trabalhamos com artistas autorais, que sejam emergentes, que representem sua arte sem apelação ou estereótipos. É um processo objetivo, mas também subjetivo. Formamos uma equipe de colaboradores no Brasil e fora dele para avaliar os inscritos que queiram participar. Não são apenas músicos, mas poetas, artistas plásticos, dançarinos, atores, performers e toda forma de manifestação que possa se integrar ao formato dos eventos e também das parcerias que firmamos. As escolhas são feitas finalmente pelos estrangeiros a partir de uma pré-seleção.
Os artistas devem entender a parceria e terem uma postura
empreendedora para participar, considerando o risco de ter que assumir a
própria passagem em caso de não termos captado recurso. Trabalhamos todos os
dias do ano para abrirmos mercados, buscarmos oportunidades e darmos
visibilidade no cenário internacional para artistas emergentes. É uma tarefa
ambiciosa e muito mais complexa que levar artistas consagrados, mas acreditamos
que alguém deva cuidar disso. Muitos resultados maravilhosos estão surgindo de
parcerias que se firmam e trabalhos que se consolidam lá fora depois de cinco
anos realizando as atividades no exterior.
Cooperativas apoiam a realização
do projeto Espírito Mundo. Como funciona a relação entre as cooperativas, os
cooperados e o projeto?
Vários cooperados fazem parte dessa história, inclusive o próprio presidente que fazia parte da banda que fez o primeiro intercâmbio. Já levamos muitos cooperados e o aprendizado volta para “casa”. Temos uma experiência internacional concentrada, que talvez se veja em poucas organizações. Isso se traduz em experiência partilhada e uma vivência artística extremamente rica, contribuindo para o resultado estético. Mas, sobretudo, é muito bom estar entre amigos e viver situações tão inspiradoras. Somos cúmplices de excelentes histórias.
Por falar em cooperativas; 2012 é
o Ano Internacional das Cooperativas, seu estado tem criado políticas para o
apoio e desenvolvimento do cooperativismo?
Temos uma gerência de cooperativismo no atual governo que
está se aproximando das cooperativas para estabelecer políticas e apoiar
projetos. Temos cooperativas fortes nos segmentos de saúde e agronegócios.
O SEBRAE também aposta muito no cooperativismo e trabalha junto com a Organização
das Cooperativas Brasileiras. Ainda é um
processo embrionário em se tratando do segmento de cultura. No nosso estado
somos únicos por enquanto. Estamos aprendendo bastante e sempre que possível,
nos articulando com outras cooperativas, a exemplo da Cooperativa Cultural
Brasileira que é nossa parceira desde a fundação.
A Cooperativa Cultural Brasileira
é uma instituição que apóia o projeto Espírito Mundo. Fale da parceria
com a CCB.
Sempre contamos com a equipe e com a presença da CCB em
nossos projetos. Admiramos a seriedade e a continuidade dos trabalhos da
Cooperativa que acreditamos poderá se integrar ainda mais. Estamos abertos a
pensar juntos a questão da internacionalização enquanto política e abrir
caminhos para que tenhamos cada vez mais cooperados participando do projeto.
Os festivais do projeto Espírito
Mundo ocorrem na França, Inglaterra, Espanha e agora também no Brasil. Vocês
planejam levar o festival para outros países? Ele terá edições em outras cidades
brasileiras?
Temos muitas propostas de outros lugares tanto nesses países
como em outros. A
cada ano ampliamos um pouco mais. Nesse ano consolidamos nossa participação em
Paris e fortalecemos um processo que para nós é muito significativo que são as
redes de residências artísticas. Acredito que iremos caminhar mais para esse
formato que é extremamente enriquecedor e mais tangível. De qualquer forma,
nosso grande desafio é ainda encontrar parceiros e financiadores desse projeto,
que representa em termos de empreendedorismo cultural, uma grande inovação.
Muitos caminhos ainda precisam ser percorridos. Há ideia de se trabalhar em
outros estados que possam abraçar o projeto e se fazer representar nas nossas
ações. Talvez sejam os próximos a sediar a nossa empreitada. O Brasil é imenso,
mas o mundo é logo ali.
Por Giorgio Rocha
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