Entrevista Aline Yasmin - festival Espírito Mundo

Postado em 19 de outubro de 2012 por Cooperativa Cultural Brasileira


A publicitária, produtora e poeta Aline Yasmin é presidente do Instituto Quorum - uma das entidades responsáveis pela realização do festival de intercâmbio cultural Espírito Mundo. Aline fala para o blog da CoopCultural sobre as edições do festival que ocorreram em maio deste ano nas cidades de São Paulo e Vitória – ES.                                

Em maio de 2012 ocorreu pela primeira vez no Brasil o festival Espírito Mundo. As edições que aconteceram nas cidades de São Paulo e Vitória – ES corresponderam às expectativas dos realizadores?   

Foi fantástica a oportunidade de realizar essa contrapartida do que já fazemos desde 2008 e receber aqui nossos amigos para interagir mais ainda com os brasileiros, que participaram ou que participarão das edições. O ciclo do intercâmbio fica mais completo e gira de forma mais agregadora ao processo como um todo - de compreensão de nossas culturas.

A diversidade da programação é algo que chama atenção. Além dos shows, o público tem acesso a oficinas, mostras, seminários, residências, entre outras atividades. Quais eventos das edições brasileiras você destacaria?

Aline Yasmin
Para nós é fundamental que se tenha o máximo de contato entre o público e artistas entre si. É uma proposta inovadora em se tratando de internacionalização porque não focamos simplesmente em entretenimento, mas no verdadeiro intercâmbio entre as áreas e também no pensamento que se constrói e reconstrói nesse fluxo contínuo entre as mais diversas atividades. Elas não são fechadas e sempre trabalhamos novos desdobramentos. Destaco no nosso projeto as residências e oficinas como um diferencial e que gera um lastro efetivo entre os participantes, com continuidade que ultrapassa o festival.

Em relação aos artistas que participam do festival, como é feita a seleção dos músicos brasileiros e estrangeiros? Quais são os parâmetros para participar do festival?
Trabalhamos com artistas autorais, que sejam emergentes, que representem sua arte sem apelação ou estereótipos. É um processo objetivo, mas também subjetivo. Formamos uma equipe de colaboradores no Brasil e fora dele para avaliar os inscritos que queiram participar. Não são apenas músicos, mas poetas, artistas plásticos, dançarinos, atores, performers e toda forma de manifestação que possa se integrar ao formato dos eventos e também das parcerias que firmamos. As escolhas são feitas finalmente pelos estrangeiros a partir de uma pré-seleção.

Os artistas devem entender a parceria e terem uma postura empreendedora para participar, considerando o risco de ter que assumir a própria passagem em caso de não termos captado recurso. Trabalhamos todos os dias do ano para abrirmos mercados, buscarmos oportunidades e darmos visibilidade no cenário internacional para artistas emergentes. É uma tarefa ambiciosa e muito mais complexa que levar artistas consagrados, mas acreditamos que alguém deva cuidar disso. Muitos resultados maravilhosos estão surgindo de parcerias que se firmam e trabalhos que se consolidam lá fora depois de cinco anos realizando as atividades no exterior.

Cooperativas apoiam a realização do projeto Espírito Mundo. Como funciona a relação entre as cooperativas, os cooperados e o projeto?

Vários cooperados fazem parte dessa história, inclusive o próprio presidente que fazia parte da banda que fez o primeiro intercâmbio. Já levamos muitos cooperados e o aprendizado volta para “casa”. Temos uma experiência internacional concentrada, que talvez se veja em poucas organizações. Isso se traduz em experiência partilhada e uma vivência artística extremamente rica, contribuindo para o resultado estético. Mas, sobretudo, é muito bom estar entre amigos e viver situações tão inspiradoras. Somos cúmplices de excelentes histórias. 

Por falar em cooperativas; 2012 é o Ano Internacional das Cooperativas, seu estado tem criado políticas para o apoio e desenvolvimento do cooperativismo?

Temos uma gerência de cooperativismo no atual governo que está se aproximando das cooperativas para estabelecer políticas e apoiar projetos. Temos cooperativas fortes nos segmentos de saúde e agronegócios.  O SEBRAE também aposta muito no cooperativismo e trabalha junto com a Organização das Cooperativas Brasileiras.  Ainda é um processo embrionário em se tratando do segmento de cultura. No nosso estado somos únicos por enquanto. Estamos aprendendo bastante e sempre que possível, nos articulando com outras cooperativas, a exemplo da Cooperativa Cultural Brasileira que é nossa parceira desde a fundação. 

A Cooperativa Cultural Brasileira é uma instituição que apóia o projeto Espírito Mundo. Fale da parceria com a CCB. 

Sempre contamos com a equipe e com a presença da CCB em nossos projetos. Admiramos a seriedade e a continuidade dos trabalhos da Cooperativa que acreditamos poderá se integrar ainda mais. Estamos abertos a pensar juntos a questão da internacionalização enquanto política e abrir caminhos para que tenhamos cada vez mais cooperados participando do projeto. 

Os festivais do projeto Espírito Mundo ocorrem na França, Inglaterra, Espanha e agora também no Brasil. Vocês planejam levar o festival para outros países? Ele terá edições em outras cidades brasileiras?

Temos muitas propostas de outros lugares tanto nesses países como em outros. A cada ano ampliamos um pouco mais. Nesse ano consolidamos nossa participação em Paris e fortalecemos um processo que para nós é muito significativo que são as redes de residências artísticas. Acredito que iremos caminhar mais para esse formato que é extremamente enriquecedor e mais tangível. De qualquer forma, nosso grande desafio é ainda encontrar parceiros e financiadores desse projeto, que representa em termos de empreendedorismo cultural, uma grande inovação. Muitos caminhos ainda precisam ser percorridos. Há ideia de se trabalhar em outros estados que possam abraçar o projeto e se fazer representar nas nossas ações. Talvez sejam os próximos a sediar a nossa empreitada. O Brasil é imenso, mas o mundo é logo ali.

Por Giorgio Rocha

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