Cooperativa Cultural Brasileira repudia ato de invasão na Funarte

Postado em 29 de julho de 2011 por Cooperativa Cultural Brasileira

Prezados Cooperados, parceiros e trabalhadores da Cultura, aconteceu na FUNARTE EM SÃO PAULO uma invasão, antidemocrática, radical e quase ditatorial. Este movimento, que se auto-intitula “Movimento dos trabalhadores da cultura” não é apoiado pela Cooperativa Cultural Brasileira.

Nós cooperativistas não acreditamos na violência, na chantagem ou nas atitudes que desconhecem o diálogo. Isso não pode ser confundido com um ato democrático, pois não é. Democracia não é anarquia, não é violência, não é ameaça. A democracia, acima de tudo, é o diálogo. Diálogo com os entes que governam.

Não podemos mais aceitar que pessoas partidárias e com interesses políticos-partidários usem de assuntos tão importantes para criar movimentos para atender interesses pessoais de um pequeno grupo. Isso é ditadura. Ditadura às avessas, mas ditadura.

A Cultura no Brasil já é a que mais sofre pela carência de investimentos e a que primeiro é prejudicada quando há cortes de verba. Por isso, não se pode admitir que venha a ser prejudicada também por movimentos pueris, cuja bandeira nem sequer atende aos anseios reais e efetivos dos trabalhadores da cultura e da população em geral.

A massa da cultura não foi participada da ação e de seus reais motivos, sabemos que existe no local inclusive uma grande maioria que é de representantes das mulheres do MST. Querem ficar na FUNARTE, tomar um espaço que é público em detrimento de todos os outros que não estão participando deste movimento e ainda querendo criar um coletivo de quem está nesta ação. Onde é que isso é socialismo?

Estão esperando para que alguém perca a paciência e que aconteça uma tragédia para isso virar um “grande motivo”. Será que não temos violência demais neste mundo?

A Cultura precisa de recursos, é inegável. Mas não é só isso. Não podemos admitir movimentos com nítido e exclusivo caráter financeiro, escondidos em pseudos discursos, quiçá quando possam macular os reais interesses e conquistas dos trabalhadores da Cultura.

A Cultura precisa de recursos financeiros, mas não pode se limitar a objetivá-los.

Nos últimos dias 28 e 29 estive com diversos representantes das mais variadas entidades de Cultura deste país e todos foram unânimes em afirmar que desconhecem esse auto-intitulado “Movimento pela Cultura” ou não foram consultados, e nem informados sobre ele. Logo, é fato que foi ele articulado por um pequeno grupo, que não representa os trabalhadores da cultura, como querem fazer parecer e estão usando uma massa de estudantes e movimentos que não são da área para fazer volume.

É importante observar que todos os outros estados já estão trabalhando com os editais da FUNARTE, mas apenas o estado de São Paulo ainda não, o que, acredita-se, deva-se a esse movimento antidemocrático e anticultural.

Por outro lado, não é verdadeira a afirmação de que “não há PROGRAMAS E POLÍTICAS CULTURAIS DO GOVERNO FEDERAL”.
Existem. Porém é preciso que nós estejamos atentos e participativos para que não sejam abandonados. É preciso que trabalhemos no sentido de que sejam implantados em sua totalidade e continuem suas realizações. Claro, depois e sempre, que tenhamos olhos e ouvidos atentos para ajudar na fiscalização de todas estas ações. A Sra Dilma Roussef acabou de assumir e a Ministra Ana de Holanda também, não estou defendendo isto ou aquilo, mas a lógica e o bom senso de quem trabalha com o governo é saber que 6 ou 7 meses é muito pouco para dizer que não estão dando continuidade nos programas.

Temos muitas críticas aos projetos e estratégias culturais implantadas pelo MINC, pelos estados, incluindo o de São Paulo onde temos a atuação maior, e prefeituras. Há sim muitas falhas, mas toda construção é assim. Nosso papel, como trabalhadores da Cultura, é, através do diálogo, sério e pontual, apresentar as falhas e colaborar para construção de um modelo de Cultura que atenda aos anseios dos trabalhadores e de toda a população. Negociar, estabelecer prazos e principalmente fazer isso as claras e com todos os interessados.

Cultura é mais do que angariar recursos para um ou outro projeto pessoal. É mais do que um meio de vida. É mais que uma peça de teatro, um livro, um show, um espetáculo. A Cultura precisa ser vista e pensada como o que é. Cultura é criação e transmissão de conhecimento, é o desenvolvimento e evolução humana, pessoal e social.

É preciso mudar os paradigmas. A ameaça, a chantagem e as atitudes antidemocráticas como essa que ora repudiamos não é “cultural” é “anticultura”. É involução. Somente podemos obter resultados que favoreçam a Cultura brasileira com ações democrática participativas; atuando como entes culturais, que buscam incentivo para a Cultura.

Apenas podemos exigir o que demos condições de oferecer.

O Ministério da Cultura, bem como a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e outros estados, além dos municípios, tem investido e, principalmente, olhado pela Cultura. É um processo lento. Foram muitos anos de abandono. É preciso que todos nós como entes culturais reconheçamos que no processo histórico brasileiro é inegável que nos últimos 10 anos obtivemos grandes avanços nos movimentos culturais e apoio com relevantes investimentos na área.

É preciso mais, é claro. Mas, a evolução somente é possível a partir do momento em que se conhece o passado e se crie uma meta futura.

Afirmações inverídicas que se limitam a negar a realidade não ajudarão no processo da evolução da Cultura no Brasil.

No ano de 2010 tivemos, por exemplo, a votação da PEC 150 que vincula um orçamento para municípios, estados e governo, mas, estranhamente, não vimos nenhum movimento como esse que se formou para invadir a FUNARTE. Por que? Ali, naquele momento, era a hora e o local certos para que se buscasse e evolução da Cultura através de uma mudança legislativa.

Por que não há um movimento para que leis de incentivo sejam alteradas de modo evitar que se limitem a serem destinadas sempre ao mesmo e restrito grupo, como, por exemplo, se verifica em São Paulo, com a Lei de fomento ao Teatro?

Também não podemos mais aceitar que usem do tema: “Cooperativa” ou “Cooperativismo” para fazer política partidária e sem fundamento, pois, inclusive, uma das regras do cooperativismo legítimo é que as cooperativas não se posicionem partidariamente, mas apenas atuem suprapartidariamente para discutir assuntos relativos àquela classe de trabalhadores cooperados.

A cultura e o cooperativismo podem ajudar e muito a mudarmos a Cultura no Brasil. Todos podem ajudar nestas ações que objetivam fomentar a Cultura no Brasil, mas, somente faremos isso com paz, diálogo e cultura.

Estamos em 2011; não é crível que ainda se acredite que movimentos ditatoriais, agressivos, ameaçadores, articulados por interesses de um pequeno grupo, valendo-se das fraquezas e necessidades do trabalhador, possam gerar ações positivas. A única coisa que esse movimento conseguiu até agora, como não poderia deixar de ser, foi prejudicar os trabalhadores da cultura com o adiamento os dos editais que já estão sendo trabalhados em outros estados.

Peço que todos os que querem realmente alguma mudança da Cultura nesse país não cedam a mais um movimento que não representa de fato os trabalhadores da cultura, pelo menos não a maioria, usem suas redes sociais, Twitter e Facebook principalmente, para repudiar este e tantos movimentos que não defendem os reais interesses da Cultura e que no seu centro presenciamos interesses pessoais.

Vamos lutar de verdade e com transparência pela evolução e organização da Cultura. Chega de lutar só por distribuição de dinheiro senão seremos eternos pedintes e é assim que nos tratarão.

Atenciosamente,
Marília de Lima
Presidente – Cooperativa Cultural Brasileira

Democracia significa: “diálogo do povo com o governo”. Quanto um movimento q se diz “democrático” levanta e diz “não queremos dialogar com o governo” tá dizendo “não queremos democracia”.

Precisamos conhecer nossas palavras, ações, intenções, reações e resultados... assim, pensando antes de agir, seremos felizes.

"Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia"(Ghandi)

Presidente da Cooperativa Cultural Brasileira, Marília de Lima, em entrevista sobre o Ballet Nacional de Cuba para a Globo News

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O balé traz a coreografia que conta uma lenda guarani, onde as Cataratas do Iguaçu teriam surgido com as lágrimas de uma índia apaixonada por um guerreiro.

Mais informações em: http://alendadaaguagrande.com.br/