"Estado deve dinamizar, e não inventar a cultura"

Postado em 28 de novembro de 2012 por Cooperativa Cultural Brasileira


A pedido do prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes, Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa será o novo nome da pasta que Sérgio Sá Leitão ocupará a partir de dezembro. O órgão receberá R$ 57 milhões adicionais para o inédito fomento público ao setor criativo carioca.
Prestes a completar quatro anos na presidência da RioFilme, ele permanece no órgão para promover a hoje inexistente integração com a secretaria. Também estão nos planos a criação do fomento reembolsável para iniciativas com vocação comercial e o estreitamento dos laços com os governos estadual e federal, promessa de campanha do prefeito, ainda mais essencial com a chegada da Copa do Mundo e da Olimpíada.
Sem vínculos partidários, no entanto, Leitão não teme divergir com a agenda do Ministério da Cultura (MinC) em assuntos como Procultura, a proposta de reformulação da Lei Rouanet. "Essa noção de descentralização que se disseminou é discriminatória com os polos culturais", diz. "Um absurdo." Leia a seguir os trechos principais de entrevista concedida ao Valor.
Valor: Qual é o principal desafio do projeto de integração da RioFilme com a secretaria municipal?
Sérgio Sá Leitão: O prefeito enfatizou que precisamos nos transformar em uma Secretaria de Cultura e de Economia Criativa, que passará a ser o nome da pasta, para incorporar a dimensão econômica. Vou acumular as duas funções para promover a integração entre os órgãos, historicamente distanciados. Depois de seis meses vou reavaliar. Mas nunca pleiteei o cargo. O convite se deve ao desempenho da RioFilme, à cultura do planejamento e do foco em resultados. É um projeto de quatro anos, que é o tempo mínimo necessário para desenvolver um trabalho sério.
Valor: O orçamento não deverá ficar apertado ao abarcar uma nova função?
Sá Leitão: Na proposta em discussão na Câmara, teremos, em 2013, R$ 228,6 milhões para a secretaria, incluindo aí R$ 39,2 milhões da RioFilme e R$ 16,5 milhões da Fundação Planetário. É um orçamento adequado para o seu atual papel. Mas o prefeito autorizou incorporar R$ 57,3 milhões para a economia criativa, previstos no planejamento da prefeitura.
Valor: Como sair da teoria para o campo prático no fomento ao setor criativo?
Sá Leitão: Esse é o desafio. O potencial econômico não realizado, incorporando áreas como design, moda e arquitetura, é um novo front para o país. E a capacitação é chave. Desenvolvemos na RioFilme um projeto com o Senai que criou 355 vagas em áreas com lacuna de profissionais. Vamos identificar as carências da cultura e criar, no primeiro ano, 5.000 vagas.
Valor: Como ficam as áreas tradicionais e os editais da gestão anterior para dança, artes cênicas, artes visuais e música?
Sá Leitão: Trata-se de uma gestão de continuidade. Houve muitos avanços, e preservaremos o que foi feito. Todos os recursos serão investidos por edital. E passaremos a trabalhar com a ideia de investimento reembolsável, que praticamos na RioFilme, para iniciativas com potencial de receita, e não reembolsável, quando a vocação é cultural. Sendo uma empresa, a RioFilme passará a cuidar de todos os investimentos reembolsáveis, inclusive em outros setores da cultura. E a secretaria continuará responsável pelo fomento cultural, mas incluirá o audiovisual.
Valor: O Programa de Fomento ao Audiovisual Carioca (FAC) será lançado neste ano, como prometido pelo prefeito?
Sá Leitão: Sim, com o mesmo valor anterior, de R$ 15 milhões, assim que a Câmara aprovar o orçamento de 2013.
Valor: Permanece a política de expansão e de gestão dos equipamentos culturais?
Sá Leitão: O problema central da nossa rede é que é má distribuída. A expansão das arenas e dos cinemas populares continua, principalmente em direção às Zonas Norte e Oeste. Vamos diversificar o modelo de gestão, trabalhando o máximo possível com a iniciativa privada, permitindo concessões e permissão de uso para empresas, grupos culturais ou organizações sociais. Contrataremos uma consultoria para fazer grande levantamento que indique a vocação de cada equipamento e o investimento necessário para recuperá-lo, já que muitos não estão em boas condições. Espero em 2014 iniciar as mudanças. Buscaremos mais eficiência e o melhor uso possível do dinheiro público. Em muitas situações, parece-me que não estamos obtendo hoje o melhor resultado possível.
Valor: O projeto que institui o Procultura, em substituição à Lei Rouanet, tem como um de seus critérios a descentralização. O senhor concorda que a concentração no eixo Rio-São Paulo é nociva ao país?
Sá Leitão: Essa noção de descentralização que se disseminou é discriminatória com quem realiza e com os polos culturais. Por que prejudicar quem está fazendo? É um absurdo. Em todos os países é natural que existam cidades onde a produção cultural tem peso maior. Corre-se o risco de prejudicar a produção nesses polos sem necessariamente criar substitutos. Há avanços no Procultura, mas, em geral, é um retrocesso. O papel do Estado é dinamizar e não determinar, centralizar, ordenar. Cultura é uma força viva da sociedade, não é algo que o Estado inventa.
Valor: O que quer dizer com isso?
Sá Leitão: Historicamente, o MinC comporta-se como uma secretaria que pensa somente na Cultura que depende do Estado e não no conjunto do setor. Trata-se de uma visão paroquial. O Ministério da Educação, por exemplo, preocupa-se claramente com todo o setor, seja a esfera pública ou a privada. Precisamos acabar no Brasil com a ideia de que existe, de um lado, a produção cultural que deriva do Estado e, do outro, o resto. Cultura é uma atividade de caráter privado, da sociedade civil. A vida noturna, por exemplo, gera grande impacto econômico e tradicionalmente está fora do escopo do poder público. Eu discordo.
Valor: Qual é a sua opinião sobre a intenção anunciada pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, de fomentar iniciativas de produtores culturais negros?
Sá Leitão: Tenho grande respeito e admiração pela ministra. A sua presença tem o grande mérito de dar um capital político que o ministério talvez nunca tenha tido. A ministra está tomando pé da situação, não é uma especialista em gestão cultural e está fazendo a sua curva de aprendizagem. Precisamos ver que medidas são essas, mas, em princípio, não acho que seja o melhor caminho.
Valor: Como fazer que uma promessa da campanha eleitoral, a integração entre os governos federal e estadual e a prefeitura, ocorra de fato na cultura?
Sá Leitão: Até a posse estou debruçado em números e planejamento. Ao assumir vou procurar a Adriana Rattes [secretária estadual de Cultura] e a ministra para ver de que forma vamos trabalhar juntos. O Rio é o principal palco cultural do Brasil. Obviamente que o governo federal tem interesse grande nisso.
Valor: Como evitar, com a chegada da Olimpíada e da Copa do Mundo, que os investimentos migrem para o esporte?
Sá Leitão: A realização desses eventos abre um vasto leque de oportunidades para o país e também para a cultura, sobretudo numa cidade como o Rio. Acabamos de assistir ao exemplo brilhante de como o Reino Unido aproveitou para promover seus ativos culturais nas cerimônias de abertura e de encerramento da Olimpíada. O último álbum do Coldplay aumentou suas vendas em 1000% após o evento. No caso do audiovisual, haverá uma demanda gigantesca por equipamentos, profissionais e estúdios. Temos de nos preparar para fazer que essa demanda se transforme em ganho estrutural.
Fonte: João Bernardo Caldeira | Para o Valor, do Rio


Rua Augusta se transforma em galeria a céu aberto

Postado em 22 de novembro de 2012 por Cooperativa Cultural Brasileira


 Se estiver passando pela área da Rua Augusta de 22 a 24 de novembro, olhe para o alto. Com projeções gigantescas nas laterais de prédios, o 3º Vídeo Guerrilha, um projeto interativo que pretende colorir a cidade, traz trabalhos de projeção mapeada, videoarte, animação e fotografia em 14 empenas de edifícios. É a versão moderna do cinema ao ar livre ou de uma galeria de arte ao ar livre, com uma linguagem que tem tudo a ver com São Paulo.
Os trabalhos de mais de 100 artistas devem transformar o cinzinha da Rua Augusta. A Vídeo Guerrilha, premiada como melhor iniciativa visual pela APCA, traz nesta edição a colombiana Carmen Gil, a argentina Maia Navas, a espanhola Francesca Llopis e o holandês Miguel Petchkovsky, da Time_Frame Foundation, entre outros. O público também pode interagir em expaços exclusivos, como o Agigantador de Pessoas, que projeta sua imagem em um edifício de 30 metros, e o grafite virtual, que dá a artistas a chance de desenhar ao vivo em plena Rua Augusta. O que é melhor: o público também terá de chance de testar essas tecnologias para criar arte ao vivo.
Em 2013 o projeto passa a ser itinerante, ganhando edições na região dos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, e no Complexo Cultural da República, em Brasília.
 
 Programação e Relação dos Espaços Projetivos
 Espaço 1
Rua Augusta, 1351
Espaço reservado à apresentação de artistas selecionados pelos curadores internacionais.

Espaço 2
Rua Augusta, 1276
Espaço reservado à apresentação do projeto Inside Out Moinho, idealizado pelo fotografo francês JR e produzido pela Dharma Arte.

Espaço 3
Rua Fernando de Albuquerque, 31
Espaço reservado ao trabalho dos artistas do Estúdio SinLogo, localizado na própria Rua Augusta, especializado em ilustração e animação. Eles também tem sede em Londres.

Espaço 4
Rua Costa, 83 – Esquina com Rua Augusta
Trabalho de vídeo mapping realizado pela Visualfarm. Artistas convidados: Carmen Gil Vrolijk e VJ Suave

Espaço 5
Rua Augusta, 921 e 941
Área Interativa
Espaço destinado ao Grafite Virtual e instalações interativas. Convidados: Wilton Azevedo, VJ Pixel, VJ Soneca e Rafael Beck

Espaço 6
Rua Augusta, 902
Espaço destinado aos VJs da Visualfarm. VJs Alexis, Alexandre Gonzalez, Kenji. Boca e Ross. Projeto convidado: AVAV

Espaço 7
Rua Augusta, 788
Espaço destinado aos trabalhos da Visualfarm

Espaço 8
Rua Augusta, 746 – Lado Jardins
Espaço TAZ – Zona Artística Temporária, reservada aos trabalhos de novos artistas e estudantes, enviados e selecionados pela Open Call do Vídeo Guerrilha e pela rede ITS NOON, além de alunos do Instituto Criar e IED.

Espaço 9
Rua Augusta, 746 – Lado Centro
Espaço destinado a artistas internacionais selecionados pelos curadores convidados.

Espaço 10
Rua Antonio de Queiroz, 96
Espaço destinado aos trabalhos em parceria com o projeto Times Square Art Square, de Nova York.

Espaço 11
Rua Augusta, 541
Área interativa destinada ao Agigantador de Pessoas.

Espaço 12
Rua Augusta 580
Espaço destinado a artistas selecionados pelo Curador Ricardo Botini

Espaço 13
Rua Marques de Paranaguá, 357 esquina Rua Augusta
Espaço destinado a trabalho de vídeo mapping da Visualfarm

Espaço 14
Prédio em construção – Rua Augusta, 850
Espaço destinado ao trabalho interativo SocketeScreem, dos artistas Raquel Rosalen e Rafael Marchetti.

 De 22 a 24/11, qui. a sáb. Rua Augusta, 1.351 e mais 13 espaços nas adjacências. Rua Augusta, 541 (Agigantador de Pessoas). Rua Augusta, 921 e 941, área interativa para grafite virtual com Wilton Azevedo, VJ Pixel, VJ Soneca e Rafael Beck como convidados.
Fonte: Época São Paulo

Vale-Cultura é aprovado na Câmara

Postado em por Cooperativa Cultural Brasileira


Na tarde desta quarta-feira, 21, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou , em votação simbólica, o Projeto de Lei 4682/12 que cria o Vale-Cultura, no valor de R$ 50 mensais para os trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Terá direito o trabalhador que receba até cinco salários mínimos.

A ministra Marta comemorou a aprovação e elogiou todos os que contribuíram para que ela acontecesse: “As colaborações do presidente da Câmara, Marco Maia, da Frente Parlamentar da Música e de cada parlamentar que votou pela aprovação foram imprescindíveis.”

Em muitos momentos a ministra comparou os efeitos do Vale-Cultura com os do Bolsa-Família: “Pelo impacto que o Bolsa Família teve no Brasil, dá para termos ideia do que o Vale-Cultura vai fazer.”

Nas palavras da ministra, “o benefício será o “bolsa-alma do Governo Dilma” por levar cultura a tantos brasileiros. Por isso, Marta vinha colocando a aprovação do Vale como uma de suas prioridades e vinha conversando constantemente com parlamentares sobre o tema. Em um dos momentos, reunida com deputados, a ministra chegou a lhes dizer: “Cada deputado vai voltar para seu estado e dizer: ‘eu ajudei a aprovar o Vale-Cultura’.”

Marta também chamou a atenção, mais de uma vez em suas falas, para a autonomia que o Vale oferece ao cidadão na hora de escolher qual produto cultural ele vai adquirir e para sua abrangência do ponto de vista econômico, uma vez que, segundo a ministra, ele vai “beneficiar tanto consumidores de cultura quanto seus produtores que passarão a ter um público maior.”.

A matéria será, agora, enviada para análise do Senado.


Fonte: MinC

Curso Intensivo de Produção Cultural

Postado em 21 de novembro de 2012 por Cooperativa Cultural Brasileira

MERCADO CULTURAL – ECONOMIA CRIATIVA – MARKETING CULTURAL – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO – ELABORAÇÃO DE PROJETOS – LEIS DE INCENTIVO – PRESTAÇÃO DE CONTAS – PRODUÇÃO CULTURAL etc 
Um final de semana inteiro para entender um pouco mais do mercado cultural e aprender como planejar sua carreira, sua empresa, seu projeto.

15 e 16 de dezembro – São Paulo
12 e 13 de janeiro – Belo Horizonte
19 e 20 de janeiro – Rio de Janeiro
26 e 27 de janeiro – Recife
16 e 17 de fevereiro – Curitiba

Das 13 às 19 horas cada dia.
Consulte os locais de realização.

Investimento: R$ 400,00 (quatrocentos reais) inclui apostila, certificado, café e material didático.
Desconto de 25% para inscrições até 7 dias antes do evento. / Estudante tem desconto de 30%. / Desconto especial para grupos. / Parcelado em até 03x sem juros.

FACILITADORA: Marília de Lima - Especialista em eventos, administradora de empresas, produtora cultural, consultora e professora. Atuando no setor cultural há mais de 20 anos. Atualmente administra uma empresa da área de Turismo Cultural e treinamentos. É presidente da Cooperativa Cultural Brasileira desde 2008. Ministra os cursos e palestras com temas ligados ao cooperativismo, cultura, eventos e turismo. Na gestão da Cooperativa Cultural Brasileira idealizou e implantou variadas ações, tais como a “incubadora de Cooperativas de Cultura” – projeto que auxilia em parceria a criação de outras cooperativas de produção cultural; o “Dia de Ação Cultural” – um dia inteiro de encontro com a classe artística dos municípios para falar sobre cultura, cooperativismo e políticas culturais; “FEBRACCULT” Federação Brasileira das Cooperativas de Cultura; além das variadas parcerias e intercâmbio com entidades de cultura em países como Portugal, França, Espanha, Argentina, México, Cuba e Peru.
VAGAS LIMITADAS.

Lei municipal do Rio atrai músicos de rua de toda América Latina; veja o vídeo

Postado em 13 de novembro de 2012 por Cooperativa Cultural Brasileira



Uma lei municipal, aprovada em junho deste ano, permite apresentações pelas ruas cariocas sem autorização prévia.

A prefeitura do Rio disse que a lei busca estimular diversas expressões culturais nas ruas de forma organizada e evitar que os artistas trabalhem marginalmente, como antes acontecia.

A medida, somada ao bom desempenho da economia, tem atraído músicos latino-americanos para as ruas da cidade e transformaram o passeio público carioca em um show a céu aberto, incluindo diferentes sons e sotaques.

Fonte: BBC

Paulinho da Viola canta Onde a dor não tem razão

Postado em 12 de novembro de 2012 por Cooperativa Cultural Brasileira

Gonzagão e Gonzaguinha no programa Proposta

Postado em 9 de novembro de 2012 por Cooperativa Cultural Brasileira

Ecad será fiscalizado

Postado em por Cooperativa Cultural Brasileira


Um dos pontos mais polêmicos da gestão Ana de Hollanda a Lei do Direito Autoral merecerá tratamento diferente pela sua sucessora. Em sua primeira entrevista como ministra da Cultura, Marta Suplicy deixou clara sua posição divergente sobre o tema e defendeu a fiscalização do Ecad. “No momento em que eles são um monopólio, e eu não estou questionando isso, eles têm que aceitar uma fiscalização. Essa decisão eu já tomei”, disse Marta, que completa 50 dias no cargo e recebeu a reportagem do Estado em seu gabinete. 

Ana de Hollanda provocou protestos ao retirar do site do MinC a marca Creative Commons e aproximar-se das posições defendidas pelo Ecad. A atual ministra já havia dado indícios de que pretendia mudar de rota ao levar para a sua equipe Marcos Souza, formulador das políticas de direito autoral durante as gestões dos ex-ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira. Além de reincorporar Souza, Marta paulatinamente tem feito trocas em sua equipe. Já substituiu Vitor Ortiz como secretário executivo e também mudou o comando do Iphan. 

A Lei do Direito Autoral é apenas um dos projetos da pauta que a senadora licenciada herdou. Seu foco nestes primeiros dias como ministra, ela diz, foi justamente “destravar” essa pauta. O Vale Cultura, proposta do ex-presidente Lula que estava engavetada, voltou ontem à Câmara com o apoio de mais de 60 assinaturas. O projeto de revisão da Lei Rouanet, conhecido como ProCultura, também está prestes a entrar em votação no Congresso. “Devo encaminhá-lo na próxima semana”, garante a ministra. 

Sem experiência prévia na área cultural, Marta valoriza seu trânsito entre os parlamentares e sua habilidade política. Garante, porém, que não quer apenas levar adiante as propostas já existentes. “Quero deixar uma marca. E essa marca será a da inclusão social.”

Além dos editais para criadores e produtores negros, recentemente lançados, o Minc deverá contemplar outras minorias, como os gays e as mulheres. As Praças do PAC também serão transformadas em 360 CEUs das Artes. 

Na entrevista, a ministra da Cultura Marta Suplicy fala sobre as deficiências da Lei Rouanet, da necessidade de mais transparência na ação do Ecad e também sobre sua irredutível decisão de não disputar a eleição de 2014 para o governo de São Paulo.

A senhora herda uma ampla agenda, com projetos que já foram formulados, mas ainda carecem de aprovação e regulamentação. Como pretende destravar a agenda da Cultura? 

Marta Suplicy - São dois pontos. Um implica em destravar o que está no Congresso Nacional. Tive muitas reuniões procurando entender a fundo esses projetos e encontrar estratégias. Em relação à Lei Rouanet, tive uma reunião com o deputado Pedro Eugênio (PT-PE). Ele ficou um ano e meio ouvindo a classe artística e me ofereceu um panorama consolidado. Sua habilidade foi criar uma pontuação para atingir os 100% de isenção, e também foi habilidoso com os itens criados. Pedi para deixar dois itens abertos para o ministério usar nos próximos anos. Conversamos sobre várias áreas em que o MinC não poderia deixar de ter autonomia e também de outras áreas nas quais vão ou não despertar um certo estresse, mas que são áreas que não podemos abdicar. Ele fez um enorme esforço para conseguir um consenso. Sou uma ministra que tem como praxe negociar, conversar até chegar ao consenso. Também conseguimos uma avaliação da Receita Federal que considero ideal. Até o fim da semana que vem o projeto vai a votação.

O que mais lhe agradou?

Marta Suplicy - Gostei de ele ter tocado na questão regional. Para se ter uma ideia, da Região Norte foram aprovadas 71 análises de projetos, enquanto na Sudeste foram 5.374. Também na distribuição regional a diferença é grande: a captação na Norte foi 0,66% dos projetos, enquanto na Sudeste, 79,93%. Então, se isso não estivesse no projeto, eu teria sugerido para constar. Tenho percebido nas áreas que me são mais caras, as de inclusão - seja de caráter regional, seja envolvendo negros, gays, mulheres. Nesse ministério, é uma marca que gostaria de deixar: a inclusão social.

O que a senhora pensa da Lei Rouanet que viabilizou a produção cultural mas não foi capaz de criar um mercado cultural suficientemente forte?

Marta Suplicy - Nem teria condição, pois seria necessária uma política de Estado para a criação desse mercado. E ainda não engatinhamos nessa condição. Para isso, é necessário orçamento. Por isso, os ministros da Cultura acabam ficando felizes com a Rouanet e até trabalhando para mais incremento: trazem mais recursos. Enquanto os governos não melhorarem o orçamento para que a Cultura atue com pernas próprias, essas leis sempre terão importância gigantesca no orçamento. Não acho ideal, prefiro um orçamento mais robusto.

O projeto das praças do PAC foi transformado em CEUs. 

Marta Suplicy - Mudamos o conceito, que se afunila. A licitação já estava em andamento, então interferência foi no que eu pude fazer. Tinha muita salinha e era algo que intuitivamente me pareceu que não ia funcionar. Em conversa com os diferentes segmentos, vimos que são necessários grandes espaços, para que haja sinergia entre quem faz teatro, quem está compondo música, quem está pintando. Queremos essa conjugação de ideias. Outro desafio é formar os profissionais para trabalhar nesses 360 centros, que estarão nos centros de violência, assim como os CEUs. 

A senhora fala dessa fome de cultura. Como fazer para destravar o Vale Cultura?

Marta Suplicy - O Vale vai ajudar as pessoas a terem acesso. Estou pensando também em um mecanismo que permita às pessoas cumularem também. Para poder ter acesso a determinadas coisas, uma ópera, uma peça de montagem mais cara. Será a Bolsa Família da alma. O projeto estava engavetado, porque do jeito que estava teria que ser vetado, o que seria um constrangimento para a presidente. A ideia, portanto, é agregar todos os deputados à emenda e transformá-los em coautores. Aí, cada deputado pode chegar ao seu Estado e dizer: ‘O Vale Cultura fui eu que fiz’. E ele não vai estar errado. Sem a assinatura dele não teríamos força para fazer isso. Deve ser colocado em votação até o fim do ano. 

Existe essa fragilidade patente do mercado de Cultura no Brasil. A injeção de recursos pode ajudar a desenvolver o mercado? 

Marta Suplicy - Certamente, mas não podemos depender a vida inteira de incentivos fiscais. O ideal seria ter um orçamento maior e subsídios de política de Estado. Mas isso não é o que eu encontrei e tenho que lidar com o que tenho e fazer o melhor possível. Gosto de destravar os projetos, de fazer as coisas caminharem. Mas o que eu gostaria de deixar como marca é a inclusão social. Minha proposta é destravar os projetos.

A Lei do Direito Autoral foi um dos pontos de maior polêmica na gestão Ana de Hollanda, que endureceu as posições sobre o tema propostas durante a gestão Gil/Juca, consideradas excessivamente liberais. Ao trazer de volta para o ministério Marcos Souza, formulador das políticas para o setor durante o período Gil/Juca, a senhora sinaliza uma proximidade maior com essa visão? 

Marta Suplicy - Eu virei a página. Mas tenho que ter um arquivo do que aconteceu e o Marcos Souza participou de 82 audiências sobre o assunto. Eu não queria gastar um ano fazendo tudo de novo. Ele veio com a condição de que eu perguntaria a opinião dele quando eu quisesse. Conversei com grupos antagônicos, ouvi todos e tomei posições em relação ao Ecad. O Ecad tem que existir, tem que ser um órgão independente.

Mas é necessário que seja fiscalizado, não? 

Marta Suplicy - É muito forte o lado que reclama da falta de transparência. É verdade que eles têm muita dificuldade de fazer a arrecadação em todos os lugares desse Brasil gigantesco. Entendi essas limitações, sei que eles fazem um esforço no sentido da arrecadação, mas esse esforço também tem que ser feito no sentido da transparência. Ainda estou estudando, mas deve haver fiscalização. Em todos os países do mundo essa fiscalização existe. No momento em que eles são um monopólio, e eu não estou questionando isso, eles têm que aceitar uma fiscalização. Essa decisão eu já tomei. Os focos principais desses meus 50 primeiros dias de gestão são ProCultura, Vale Cultura e Lei de Direitos Autorais. 

E quanto à internet, a questão dos downloads? 

Marta Suplicy - Uma decisão eu já tomei nessa área: ‘notes sticky down’. É uma maneira correta, mas que tem dezenas de problemas específicos sobre os quais eu preciso me debruçar. A intenção é passar a questão o mais rápido possível para o Congresso. Tenho que respeitar as decisões que eles tomam, ouvir a opinião deles. 

A senhora crê que a grande falha da sua antecessora foi essa inabilidade política?
 
Marta Suplicy - Não compete a mim falar dela. Não tenho nada a comentar sobre isso. A presidente mudou de ministra. 

Seu nome é sempre lembrado para o governo paulista. 

Marta Suplicy - Eu não sou candidata. 

Hoje não é candidata? 

Marta Suplicy - Não é isso. Eu não sou candidata. Estou no projeto Dilma. Não percorrerei o Estado, não farei nenhuma ação de candidata. Fui bem clara, não?

A Cinemateca Brasileira acenou com o desejo de se transformar em uma Organização Social. Esse foi tema muito debatido nas últimas eleições em São Paulo. O que pensa sobre as OS?
 
Marta Suplicy - Acho que dinheiro público não pode ser gerido por sociedade civil. Dinheiro público é público e precisa de política de Estado.

Fonte: Estadão

Inscrições abertas para programas Circuito Cultural Paulista e Cultura Livre

Postado em 7 de novembro de 2012 por Cooperativa Cultural Brasileira


O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, abre inscrições para grupos e artistas interessados em participar dos programas de difusão cultural em 2013. As inscrições devem ser feitas exclusivamente pelo formulário online disponível no site www.cultura.sp.gov.br  (link direto: http://migre.me/bCUG2)

Para fazer parte do Circuito Cultural Paulista é necessário se inscrever entre 06/11/12 até 06/01/13. O programa acontece entre março e novembro, com 80 municípios participantes e apresentações sempre aos finais de semana. Compõem a programação espetáculos nas modalidades de teatro, música, dança e circo.

Já o Cultura Livre SP tem a proposta de levar programação cultural gratuita para espaços ao ar livre da cidade de São Paulo. As atividades acontecerão no próximo ano e as inscrições para os artistas interessados em participar vão de 6/11/ até 9/12.

Para o cadastro, é necessário enviar a sinopse do projeto ou espetáculo, histórico do artista ou companhia e das apresentações realizadas, além de informações sobre as necessidades técnicas básicas para a realização. Também é preciso indicar o endereço eletrônico de sites ou redes sociais em que esteja disponível material do grupo para visualização prévia.

Não serão aceitas inscrições por e-mail, nem materiais entregues na Secretaria. Após a avaliação as inscrições, a equipe da Secretaria entrará em contato apenas com os grupos selecionados.

Fonte: Assessoria de imprensa - SEC

Metas do Plano Nacional de Cultura

Postado em por Cooperativa Cultural Brasileira

Veja no link abaixo a descrição das 53 metas do Plano Nacional de Cultura (PNC) aprovadas em dezembro de 2011.

Plano Nacional de Cultura: http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2012/06/As-Metas-do-Plano-Nacional-de-Cultura.pdf

Por Giorgio Rocha