Prezados Cooperados, parceiros e trabalhadores da Cultura, aconteceu na FUNARTE EM SÃO PAULO uma invasão, antidemocrática, radical e quase ditatorial. Este movimento, que se auto-intitula “Movimento dos trabalhadores da cultura” não é apoiado pela Cooperativa Cultural Brasileira.
Nós cooperativistas não acreditamos na violência, na chantagem ou nas atitudes que desconhecem o diálogo. Isso não pode ser confundido com um ato democrático, pois não é. Democracia não é anarquia, não é violência, não é ameaça. A democracia, acima de tudo, é o diálogo. Diálogo com os entes que governam.
Não podemos mais aceitar que pessoas partidárias e com interesses políticos-partidários usem de assuntos tão importantes para criar movimentos para atender interesses pessoais de um pequeno grupo. Isso é ditadura. Ditadura às avessas, mas ditadura.
A Cultura no Brasil já é a que mais sofre pela carência de investimentos e a que primeiro é prejudicada quando há cortes de verba. Por isso, não se pode admitir que venha a ser prejudicada também por movimentos pueris, cuja bandeira nem sequer atende aos anseios reais e efetivos dos trabalhadores da cultura e da população em geral.
A massa da cultura não foi participada da ação e de seus reais motivos, sabemos que existe no local inclusive uma grande maioria que é de representantes das mulheres do MST. Querem ficar na FUNARTE, tomar um espaço que é público em detrimento de todos os outros que não estão participando deste movimento e ainda querendo criar um coletivo de quem está nesta ação. Onde é que isso é socialismo?
Estão esperando para que alguém perca a paciência e que aconteça uma tragédia para isso virar um “grande motivo”. Será que não temos violência demais neste mundo?
A Cultura precisa de recursos, é inegável. Mas não é só isso. Não podemos admitir movimentos com nítido e exclusivo caráter financeiro, escondidos em pseudos discursos, quiçá quando possam macular os reais interesses e conquistas dos trabalhadores da Cultura.
A Cultura precisa de recursos financeiros, mas não pode se limitar a objetivá-los.
Nos últimos dias 28 e 29 estive com diversos representantes das mais variadas entidades de Cultura deste país e todos foram unânimes em afirmar que desconhecem esse auto-intitulado “Movimento pela Cultura” ou não foram consultados, e nem informados sobre ele. Logo, é fato que foi ele articulado por um pequeno grupo, que não representa os trabalhadores da cultura, como querem fazer parecer e estão usando uma massa de estudantes e movimentos que não são da área para fazer volume.
É importante observar que todos os outros estados já estão trabalhando com os editais da FUNARTE, mas apenas o estado de São Paulo ainda não, o que, acredita-se, deva-se a esse movimento antidemocrático e anticultural.
Por outro lado, não é verdadeira a afirmação de que “não há PROGRAMAS E POLÍTICAS CULTURAIS DO GOVERNO FEDERAL”.
Existem. Porém é preciso que nós estejamos atentos e participativos para que não sejam abandonados. É preciso que trabalhemos no sentido de que sejam implantados em sua totalidade e continuem suas realizações. Claro, depois e sempre, que tenhamos olhos e ouvidos atentos para ajudar na fiscalização de todas estas ações. A Sra Dilma Roussef acabou de assumir e a Ministra Ana de Holanda também, não estou defendendo isto ou aquilo, mas a lógica e o bom senso de quem trabalha com o governo é saber que 6 ou 7 meses é muito pouco para dizer que não estão dando continuidade nos programas.
Temos muitas críticas aos projetos e estratégias culturais implantadas pelo MINC, pelos estados, incluindo o de São Paulo onde temos a atuação maior, e prefeituras. Há sim muitas falhas, mas toda construção é assim. Nosso papel, como trabalhadores da Cultura, é, através do diálogo, sério e pontual, apresentar as falhas e colaborar para construção de um modelo de Cultura que atenda aos anseios dos trabalhadores e de toda a população. Negociar, estabelecer prazos e principalmente fazer isso as claras e com todos os interessados.
Cultura é mais do que angariar recursos para um ou outro projeto pessoal. É mais do que um meio de vida. É mais que uma peça de teatro, um livro, um show, um espetáculo. A Cultura precisa ser vista e pensada como o que é. Cultura é criação e transmissão de conhecimento, é o desenvolvimento e evolução humana, pessoal e social.
É preciso mudar os paradigmas. A ameaça, a chantagem e as atitudes antidemocráticas como essa que ora repudiamos não é “cultural” é “anticultura”. É involução. Somente podemos obter resultados que favoreçam a Cultura brasileira com ações democrática participativas; atuando como entes culturais, que buscam incentivo para a Cultura.
Apenas podemos exigir o que demos condições de oferecer.
O Ministério da Cultura, bem como a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e outros estados, além dos municípios, tem investido e, principalmente, olhado pela Cultura. É um processo lento. Foram muitos anos de abandono. É preciso que todos nós como entes culturais reconheçamos que no processo histórico brasileiro é inegável que nos últimos 10 anos obtivemos grandes avanços nos movimentos culturais e apoio com relevantes investimentos na área.
É preciso mais, é claro. Mas, a evolução somente é possível a partir do momento em que se conhece o passado e se crie uma meta futura.
Afirmações inverídicas que se limitam a negar a realidade não ajudarão no processo da evolução da Cultura no Brasil.
No ano de 2010 tivemos, por exemplo, a votação da PEC 150 que vincula um orçamento para municípios, estados e governo, mas, estranhamente, não vimos nenhum movimento como esse que se formou para invadir a FUNARTE. Por que? Ali, naquele momento, era a hora e o local certos para que se buscasse e evolução da Cultura através de uma mudança legislativa.
Por que não há um movimento para que leis de incentivo sejam alteradas de modo evitar que se limitem a serem destinadas sempre ao mesmo e restrito grupo, como, por exemplo, se verifica em São Paulo, com a Lei de fomento ao Teatro?
Também não podemos mais aceitar que usem do tema: “Cooperativa” ou “Cooperativismo” para fazer política partidária e sem fundamento, pois, inclusive, uma das regras do cooperativismo legítimo é que as cooperativas não se posicionem partidariamente, mas apenas atuem suprapartidariamente para discutir assuntos relativos àquela classe de trabalhadores cooperados.
A cultura e o cooperativismo podem ajudar e muito a mudarmos a Cultura no Brasil. Todos podem ajudar nestas ações que objetivam fomentar a Cultura no Brasil, mas, somente faremos isso com paz, diálogo e cultura.
Estamos em 2011; não é crível que ainda se acredite que movimentos ditatoriais, agressivos, ameaçadores, articulados por interesses de um pequeno grupo, valendo-se das fraquezas e necessidades do trabalhador, possam gerar ações positivas. A única coisa que esse movimento conseguiu até agora, como não poderia deixar de ser, foi prejudicar os trabalhadores da cultura com o adiamento os dos editais que já estão sendo trabalhados em outros estados.
Peço que todos os que querem realmente alguma mudança da Cultura nesse país não cedam a mais um movimento que não representa de fato os trabalhadores da cultura, pelo menos não a maioria, usem suas redes sociais, Twitter e Facebook principalmente, para repudiar este e tantos movimentos que não defendem os reais interesses da Cultura e que no seu centro presenciamos interesses pessoais.
Vamos lutar de verdade e com transparência pela evolução e organização da Cultura. Chega de lutar só por distribuição de dinheiro senão seremos eternos pedintes e é assim que nos tratarão.
Atenciosamente,
Marília de Lima
Presidente – Cooperativa Cultural Brasileira
Democracia significa: “diálogo do povo com o governo”. Quanto um movimento q se diz “democrático” levanta e diz “não queremos dialogar com o governo” tá dizendo “não queremos democracia”.
Precisamos conhecer nossas palavras, ações, intenções, reações e resultados... assim, pensando antes de agir, seremos felizes.
"Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia"(Ghandi)
Cooperativa Cultural Brasileira repudia ato de invasão na Funarte
Postado em 29 de julho de 2011
por Cooperativa Cultural Brasileira
Presidente da Cooperativa Cultural Brasileira, Marília de Lima, em entrevista sobre o Ballet Nacional de Cuba para a Globo News
Postado em
por Cooperativa Cultural Brasileira
O balé traz a coreografia que conta uma lenda guarani, onde as Cataratas do Iguaçu teriam surgido com as lágrimas de uma índia apaixonada por um guerreiro.
Mais informações em: http://alendadaaguagrande.com.br/
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