Por Giorgio Rocha
A comissão julgadora do Prêmio Jabuti divulgou terça-feira, 29 de setembro, os vencedores de cada categoria da premiação. Na categoria poesia, o livro “Outros Barulhos” do cantor e compositor Reynaldo Bessa foi escolhido pelo júri, como um dos melhores deste ano, e receberá a estatueta no dia 04 de novembro, em um evento realizado na Sala São Paulo.
O músico e escritor concedeu uma entrevista para o site da Cooperativa Cultural Brasileira sobre o resultado da premiação.
CCB: Reynaldo, este é o seu primeiro livro de poesias, você concorria com pesos-pesados, como o poeta Ferreira Gullar, já "caiu a ficha" que seu livro "Outros Barulhos" é um dos vencedores do Prêmio Jabuti?
Reynaldo Bessa: Prêmios são acidentes agradáveis. Foi um susto ver meu livro de estréia na lista dos finalistas desse prestigiado prêmio, o 51º Prêmio Jabuti, agora vê-lo como um dos vencedores, é realmente algo inarrável. Eu concorri com alguns autores que me ensinaram a escrever poesia. Autores que li na minha adolescência. Só consigo definir isso como "Um desassossego delicioso" e "Uma coisa entre o Purgatório e o Paraíso".
CCB: Quando e onde será a entrega do prêmio?
Reynaldo Bessa: No dia 04 de Novembro, na Sala São Paulo. Nesse dia de festa, será conhecido o ganhador (receberão o Jabuti três obras, o primeiro lugar leva além do troféu, prêmio em dinheiro) e também será feita a entrega das estatuetas para os três ganhadores.
CCB: E a carreira de cantor e compositor como fica? Muda algo com esta premiação?
Reynaldo Bessa: Essas duas vertentes sempre trabalham juntas. Uma agregando valor a outra. Apesar de meu primeiro contato ter sido com a poesia, hoje me considero mais músico do que poeta, mas meu amigo e grande poeta Ademir Assunção matou a charada. Ele me chama de "Músico-Poeta" é isso ai, por enquanto as duas estão ganhando.
CCB: E para o próximo livro, já tem planos? Será de poesia novamente?
Reynaldo Bessa: No momento, concentro minhas energias num DVD e num CD, mas já tenho planos para um próximo livro, sim. Talvez de contos ou mesmo outro de poemas, a ver.
CCB: A Cooperativa Cultural Brasileira consta como uma parceria neste seu livro. Qual foi o papel da instituição nesta parceria?
Reynaldo Bessa: Incentivar, estimular, organizar, potencializar e principalmente profissionalizar. Sem a Cooperativa Cultural Brasileira, talvez tudo isso não estivesse acontecendo. Uma parceira e tanto. Pra mim e pra mais de 6.000 cooperados. É só arregaçar as mangas e mostrar a cara.
Livro do cooperado Reynaldo Bessa é um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2009
TV brasileira tem sua memória homenageada em premiação
Por Giorgio Rocha:
Em 18 de setembro de 2009, aconteceu no Memorial da América Latina a entrega do Prêmio Pró-TV, em comemoração aos 59 anos da televisão nacional.
Os atores Lima Duarte, Tony Ramos, Carlos Miranda, que fez o personagem Vigilante Rodoviário, Irene Ravache, Rosa Maria e Laura Cardoso foram homenageados e receberam o prêmio.
Lima Duarte ao ser homenageado fez um tributo a todos os envolvidos que levaram ao ar a primeira transmissão da TV Tupi. O ator fez parte da “TV na Taba”, o primeiro programa a ser transmitido pela rede. Tony Ramos durante a premiação relembrou que no início da carreira atuou ao lado de Vida Alves na novela “O amor tem cara de mulher”. A trama escrita por Cassiano Gabus Mendes foi exibida pela Tupi em 1966.
A atriz Vida Alves é a criadora da Pró-TV, a Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira. A entidade organizou a premiação e a exposição “Marcos da Televisão Brasileira”, que poderá ser vista pelo público até o dia 18 de outubro. Vida faz parte da história da televisão por ter encenado com Walter Forster o primeiro beijo visto pela telinha.
O eterno Vigilante Rodoviário, Carlos Miranda, um dos premiados, agradeceu o carinho das pessoas com o personagem, e disse que o pioneiro seriado, reprisado neste ano pelo Canal Brasil, ainda faz muito sucesso com o público jovem.
A veterana atriz Laura Cardoso falou com a Cooperativa Cultural Brasileira sobre a importância Tupi. “O maior marco da TV brasileira, sem dúvida, é o seu começo com a Tupi. Tudo que existe hoje é, foi e sempre será a essência do que foi criado pelo canal”, afirmou Laura.
“Eu e meus colegas de profissão temos orgulho de tudo que realizamos nestes 59 anos de televisão”, comentou a atriz Márcia Real. E finalizou com um agradecimento aos telespectadores. “Tenho certeza que fizemos o máximo para agradar e divertir o público, e só podemos agradecer sempre a audiência das pessoas”.
Movido a patrocínio, mercado cultural brasileiro não se sustenta sozinho
Giorgio Rocha:
Excelente matéria publicada pela Folha, que mostra as agruras do mercado cultural nacional.
A discussão muda de paradigma, e sai do aspecto falta de incentivo, para caminhar para um ponto crucial: a falta de um público que consuma o que é produzido.
Por ANA PAULA SOUSA e THIAGO NEY - Folha de S.Paulo
Se, numa canetada, acabassem os incentivos fiscais destinados à cultura, os palcos brasileiros esvaziariam. Mesmo aqueles ocupados por artistas que, na discussões sobre a nova Lei Rouanet, têm sido definidos como "consagrados". As bilheterias sozinhas, salvo exceções, não pagam peças, shows e filmes feitos no país. O mercado da cultura brasileiro não é autossustentável.
"O artista famoso precisa de lei", crava Sergio Ajzemberg, que trabalha com marketing cultural. "Existe um circuito fechado de artistas que vivem de Lei Rouanet", diz Juca Muller, produtor de shows nacionais (Detonautas) e internacionais (Earth Wind & Fire). "As empresas querem associar suas marcas aos grandes nomes, não a desconhecidos." As leis, além de tornarem mais visível quem já tem nome, inflaram os custos e agigantaram o mercado cultural. Mas teria o público acompanhado esse ritmo? Os números indicam que não.
O dinheiro de imposto que as empresas destinam à cultura beneficiou certos artistas, mas não chegou à população. É esse descompasso entre produção e acesso que tem feito com que sejam contestados projetos bancados com lei e, ainda assim, caros. "Os automóveis têm redutor de IPI e as pessoas entendem o porquê. No caso da cultura, isso não é totalmente aceito", diz o advogado Fábio de Sá Cesnik. "Todo mundo diz que o teatro é caro. É? Alguém sabe quanto eu gasto para produzir uma peça?", pergunta Antonio Fagundes.
E quanto custa a turnê de um músico? A bilheteria é capaz de bancar todos os custos?
Depende. Leninha Brandão (que trabalha com Vanessa da Mata e Lenine) diz que precisou captar R$ 660 mil de uma empresa de cosméticos para que Lenine fizesse um disco e shows em diversas capitais do país com ingresso a R$ 40.
Já Marcelo Lobato (de Marcelo D2 e Pitty) afirma que a bilheteria paga as despesas. "Faço a agenda de meus artistas e vendo os shows para contratantes locais. Ou esses contratantes pagam os cachês usando bilheteria ou se viram para arrumar patrocínio."
A discussão torna-se ainda mais complexa quando a cultura confunde-se com o entretenimento --em tese, comercialmente viável. "Quem trabalha com entretenimento tende a entregar às pessoas o que elas querem, ou seja, pensa no freguês. Às vezes isso tem ligação com a cultura, às vezes não", delimita Pena Schmidt, superintendente do Auditório Ibirapuera. "Mas essa linha é tênue", diz, lembrando que, do rei que encomendava obras a um artista, passando pelo Estado e pelas gravadoras, a música sempre foi subsidiada.
Schmidt se pergunta se poderia ser diferente. E responde: "Com a estrutura de teatros que temos, não. Fala-se muito nos cinemas, mas os teatros também foram vendidos para igrejas. Por não haver incentivo para a construção de teatros, proliferou a indústria do montar e desmontar palcos. Nas casas pequenas, o que banca um show é a venda de bebidas."
No Auditório Ibirapuera, a bilheteria responde por 10% do orçamento da casa. Parte é bancado pela TIM, sem leis, e parte vem do aluguel para eventos fechados. No Teatro Alfa, a conta é semelhante. A bilheteria responde por 20% do orçamento. Metade da arrecadação vem dos patrocínios e 30% do aluguel para eventos.
Segundo Elizabeth Machado, superintendente do Alfa, um espetáculo orçado em R$ 600 mil rende, na bilheteria, cerca de R$ 100 mil. Por que a conta não fecha? "Porque eu teria de cobrar R$ 400 reais. E aí a conta não fecharia porque o teatro não lotaria." O produtor Emílio Kalil, que trará o grupo de Pina Baush para o Brasil, ainda não conseguiu patrocínio e, apesar dos ingressos esgotados, antevê o prejuízo. "A temporada custa R$ 1 milhão. São 58 pessoas, dois contêineres, dez dias de hotel, locomoção, estrutura técnica. É uma estrutura caríssima, que o público não vê, diz.
E antes das leis, como isso era pago? Em primeiro lugar, é preciso dizer que, pós-leis, cerca de 100 mil empresas prestadoras de serviço --de alimentação a luz-- se oficializaram para entrar na engrenagem de notas fiscais e prestação de contas. "Se você quer filmar numa esquina, o dono da padaria te cobra. Há 30 anos não era assim", exemplifica o cineasta Hector Babenco. Mas há outras respostas.
"Muitos produtores iam chorar no colo dos governos", diz Kalil. "O governo brasileiro, historicamente, trabalhou com incentivos. Nos anos 1970, as gravadoras tinham desconto nos impostos se investissem em artistas nacionais", diz Cesnik. Há quem vá mais longe. "Tínhamos uma população acostumada a ir ao teatro, ao cinema", diz Ajzemberg. É essa uma das diferenças entre o Brasil e os países europeus. "A média da população brasileira não consome cultura."
Agradecimento a AGCIP
A Cooperativa Cultural Brasileira agradece a todos da AGCIP pela forma carinhosa que acolheu os nossos representantes e artistas durante a Festa do Peão em Barretos.
Novamente muito obrigado: Edemilson, Daniel, Danilo Junior, Felipe, Marcelo e equipe AGCIP. Esperamos que esta parceria cresça ainda mais.
Cooperativa Cultural Brasileira