Minc pode tirar aposentados do Vale Cultura para ter aprovação do projeto

Postado em 23 de outubro de 2012 por Cooperativa Cultural Brasileira


Nova secretária executiva do Ministério da Cultura, Jeanine Reis tem pela frente ao menos dois desafios: a aprovação pelo Congresso do Vale Cultura - que tanto Juca Ferreira quanto Ana de Hollanda não concretizaram - e o aumento no orçamento do ministério. Para tanto, admite a retirada dos aposentados do projeto do Vale Cultura. "É melhor conseguirmos o benefício para os trabalhadores que não aprovar o projeto", diz.

Nomeada há duas semanas por Marta Suplicy, Jeanine Pires substitui Victor Ortiz, homem forte da gestão anterior. Formada em História, com especialização em Economia do Turismo, ela já trabalhara com a ministra durante sua passagem pelo Ministério do Turismo. Entre 2006 e 2010, foi presidente da Embratur e, na entrevista a seguir, fala do objetivo de articular a produção cultural e a imagem do Brasil no exterior, apostando na "importância da cultura para a identidade e a imagem de um país". 

Você tem vasta experiência no setor de turismo e presidiu a Embratur. Como pretende utilizar esta experiência na promoção e incentivo à produção cultural nacional?

Jeanine Pires - Estive durante oito anos na Embratur e a experiência no turismo me mostrou que seremos mais competitivos melhorando infraestrutura, produtos e serviços turísticos, mas sobretudo se nossa diversidade natural e cultural estiverem sendo promovidas como atrativos do Brasil. Nossa cultura é que nos diferencia e nos torna únicos. Aqui a valorização de nossa identidade e patrimônio são fundamentais.

Qual sua posição sobre o Vale Cultura e sobre sua importância para a indústria cultural brasileira? Concorda com a proposta de retirada dos aposentados do projeto? 

Jeanine Pires - O Vale Cultura será um grande avanço para o acesso à cultura no País, possibilitando o consumo também de bens ligados a todas as áreas da arte, música, cinema, patrimônio, entre outros. É muito importante que o projeto seja aprovado, e o fato é que a inclusão dos aposentados inviabiliza financeiramente a proposta. Assim, é melhor conseguirmos o benefício para os trabalhadores do que não aprovar o projeto. Creio que existem mecanismos até mais amplos e interessantes que podem dar aos aposentados oportunidades na área de cultura como o Programa Viaja Mais Melhor Idade, que a ministra Marta lançou quando estava no turismo. Isso possibilita oportunidades maiores para pessoas que podem programar viagens em períodos de baixa estação e com descontos.

Em termos práticos, tem em mente alguma ação já aplicada, e bem sucedida, no setor turístico que possa ser utilizada também no setor cultural, em questão de produção, difusão, divulgação?

Jeanine Pires - As oportunidades são imensas, nesse pouco tempo que estou aqui já identifiquei, por exemplo, que a ampliação da projeção da imagem do Brasil no exterior será cada vez maior nos próximos anos, e que nosso patrimônio cultural tem grande apelo e curiosidade. As pesquisas que existem com estrangeiros que conhecem ou gostariam de conhecer o Brasil mostram que o estilo de vida dos brasileiros, nossa música, arte, cinema, televisão, ou aspectos de nossa cultura, como o frevo ou a gastronomia, são motivos para conhecer o país. Vejo que a difusão da cultura brasileira pode trazer benefícios por meio de cooperação e estímulo para que o mundo conheça nossos valores.

Como analisa, e como vai tratar a aprovação do novo orçamento do Ministério da Cultura para o próximo ano?

Jeanine Pires - Estamos focados em encerrar 2012 com uma boa execução orçamentária. Em 2013, o orçamento aprovado já contempla uma ampliação de 63%, incluindo ações importantes como o PAC das Cidades Históricas e a ampliação dos Pontos de Cultura, por exemplo.

Qual sua posição sobre a decisão do Ministério da Cultura de lançar editais para produção cultural realizada por negros? Acredita que esta é mais uma forma de democratizar não só o consumo, mas também a produção cultural no País?

Jeanine Pires - É uma ação afirmativa. Acredito que a ministra foi sensível em propor, o que fez em resposta à reivindicação de diversos produtores e criadores.


Fonte: O Estado de S.Paulo

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