Protesto de moradores barra carga de urânio em Caetité (BA)

Postado em 17 de maio de 2011 por Cooperativa Cultural Brasileira

Formando um cordão humano, cerca de 3.000 pessoas bloquearam na noite de anteontem a entrada de nove carretas com 90 toneladas de urânio na cidade de Caetité (624 km de Salvador). Os manifestantes diziam que a carga era "lixo radioativo".

A carga estava sendo transportada de uma reserva da Marinha em Iperó (126 km de SP) para Caetité, onde está a única mina de urânio em funcionamento no país.

O material é da estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia). Segundo a Cnem (Comissão Nacional de Energia Nuclear), o concentrado de urânio tem baixa radioatividade.

Nos últimos anos, suspeitas sobre a qualidade da água mobilizaram os moradores. Um estudo do Ingá (Instituto de Gestão das Águas) --órgão do governo baiano-- detectou que parte da água consumida apresentava índice de radioatividade maior que o recomendado.

A Agência Internacional de Energia Atômica da ONU concluiu, porém, que as atividades da mina não provocavam impacto ambiental superior ao aceitável.

O protesto de anteontem foi convocado por ambientalistas. Segundo Marcell Moraes, presidente da ONG Geamo (Grupo Ecológico Amigos da Onça) e vice-presidente do PV na Bahia, a organização do ato "perdeu um pouco o controle da situação".

"A comunidade queria queimar a carga", afirmou. A Polícia Federal acompanhou a ação. Não houve confronto.

Devido ao bloqueio, a carga foi levada para Guanambi, mas o prefeito da cidade vizinha, Charles Fernandes (PP), recusa a guarda. A Prefeitura de Caetité disse que uma reunião hoje definirá o destino do material.

A INB diz que o material supriria um deficit de produção da mina de Caetité. Seria reembalado e seguiria para a Europa, onde passaria por processo de enriquecimento.

Depois de enriquecido, o urânio serve de combustível para as usinas de Angra dos Reis (RJ). "As atividades desenvolvidas pela INB não geram 'lixo radioativo'. O urânio é trabalhado em seu estado natural", diz a empresa.

por Pedro Leal Fonseca - Folha de São Paulo

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