Desafios da cooperação cultural entre os países de língua portuguesa

Postado em 16 de novembro de 2010 por Cooperativa Cultural Brasileira


Por Giorgio Rocha

Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e o Timor-Leste estabeleceram intercâmbios em diversas áreas, como tecnologia, ciência, educação, economia, esportes e também no campo das artes. Desde 2000, quando foi assinada a “Declaração do Estoril” – documento com as ações conjuntas para a promoção de políticas de intercâmbio - pelos Ministros da Cultura de cada nação, a cooperação cultural entre os países de língua portuguesa tem se fortalecido. Entre 2005 a 2006 foram assinados cinco acordos, além da criação de programas e o estabelecimento de parcerias.

Surgida no ano de 1996, após um programa de intercâmbio concebido pelo governo português, a Cena Lusófona – Associação Portuguesa para o Intercâmbio Teatral – com sede na cidade de Coimbra, tem exercido um papel de destaque para o fomento de intercâmbios culturais. As iniciativas da Cena Lusófona viabilizaram diversas co-produções de espetáculos e o Festival Estação - um evento anual e rotativo - que já passou por países como: Moçambique, Brasil, Cabo Verde, Portugal e São Tomé e Príncipe.

Unidos por uma herança histórico-cultural e lingüística, nações nada simétricas e distintas em termos de tamanho e população, como Brasil e Cabo Verde, formam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Para evitar que as diferenças entre os membros da CPLP se tornem obstáculos à integração cultural e também com o objetivo de ampliar o diálogo para além das decisões governamentais foi criado o Encontro Internacional sobre Políticas de Intercâmbio.

O Encontro sobre Políticas de Intercâmbio, promovido pela Cena Lusófona, ocorreu em dezembro de 2009, em Coimbra, e reuniu artistas, agentes culturais, políticos e organizações de cultura que realizam um trabalho relevante na promoção de políticas de intercâmbio - a Cooperativa Cultural Brasileira participou do Encontro e foi representada pela presidente Marília de Lima – e teve a finalidade de definir um caminho focado em objetivos concretos e ao alcance de todos com respeito à diversidade e identidade cultural de cada nação.

Em 2011 a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa completa 15 anos de existência e, a “Declaração do Estoril” revela-se apenas uma carta de intenções. O trabalho realizado por organizações como a Cena Lusófona, que ressalta a importância do papel dos artistas e das organizações culturais no diálogo e formulação das políticas culturais, impede de ruir as bases para uma sólida construção da comunidade cultural de língua portuguesa.

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